terça-feira, 26 de abril de 2011

o Brasil do Norte

Há exatamente um ano atrás eu chegava em Boa Vista, voltando de uma “expedição” de oito dias ao Monte Roraima, o lugar mais sensacional que visitei nos treze meses que durou o meu período sabático.  Quando imaginei sair do Brasil para meu sabático, tinha na cabeça morar seis meses em Londres, viajar por alguns meses pela Europa e passar o verão na Espanha. Já tinha visitado o país ibérico duas vezes, nunca fugindo do eixo Barcelona-Madrid, e estava decidido a voltar.  Mas, apesar de ter curtido muito o período londrino, a maior parte dos seis meses que passei lá foram debaixo do mais frio inverno nos últimos 40 anos. À medida que o fim do meu visto se aproximava, o verão avançava no Brasil, trazendo com ele o Carnaval e as dezenas de e-mails de meus amigos planejando os festejos de Momo, que me fizeram mudar os planos.
 Resolvi viajar pelo Brasil depois de pular o Carnaval em Paraty e colocar um fim – assim pensava – nas viagens pela Europa. A questão era: prá onde ir? Tinha muito tempo e nenhuma companhia. Com o Guia Quatro Rodas na mão e pouca imaginação, decidi ir para os quatro cantos do Brasil. Literalmente. Ou quase, pois o extremo oeste brasileiro só é acessível com ajuda dos pelotões de infantaria de selva do exército, que, de tempos em tempos, se enfiam no meio do mato para checagem e manutenção dos marcos da fronteira. Comecei pelo extremo sul para aproveitar o fim do verão e cheguei ao Chuí no fim de março. Foi durante esta viagem que recebi o convite para escrever uma matéria para uma revista regional e resolvi publicá-la em forma de diário no blog. Terminada a viagem, voltei para Itu e comecei os preparativos para o trecho norte da empreitada. O ponto acessível mais ao norte é o Monte Roraima, que fica na fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana e já habitava havia muito tempo o meu imaginário (mas não para o sabático). Pesquisei bastante e encontrei algumas agências venezuelanas e algumas brasileiras (o acesso ao Monte só pode ser feito na companhia de guias cadastrados). Os preços variavam bastante, mas optei por uma agência brasileira, a Roraima Adventures, pensando (como advogado) que, caso algo desse errado, seria menos difícil tentar reaver o dinheiro investido (ao contrário, tudo correu da melhor maneira possível).
 Havia poucas datas de saída de grupos – e quanto menos gente, maior o preço – e optei inicialmente por uma no final de abril. Mas acabei torcendo o pé jogando futebol e tive de adiar por quase duas semanas a viagem pois meu tornozelo estava no tamanho de uma laranja. Uma das melhores coisas de se ter tempo livre para viajar e fazê-lo fora de temporada é que os preços são muito mais baixos. Aproveitei uma promoção da Gol e comprei cinco trechos aéreos por 20 mil milhas, o que teve o seu lado bom e o seu lado ruim. O lado bom, obviamente, foi o financeiro.  O lado ruim foi ter me obrigado a seguir um roteiro, o que me fez perder muitas oportunidades de me embrenhar na cultura dos povos do norte do Brasil. Se fosse fazer de novo, faria diferente. A viagem, que durou quase um mês, começou por Belém e passou por Santarém, Manaus, Boa Vista, Monte Roraima, Recife e terminou em Fernando de Noronha. Nos próximos posts (que terão data retroativa), não necessariamente diários, afinal preciso escrever tudo do zero, contanto com as fotos, um bloquinho de anotações e as lembranças, vou contar como foi.
Eduardo Cotrim - 16/05/12

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