sexta-feira, 29 de julho de 2011

Valência

A menos de 400 kms de Barcelona, em direção ao sul seguindo pelo litoral, fica a terceira maior cidade da Espanha, Valência. De carro, chega-se a ela AP 7, uma longa estrada que passa por quase todo o litoral sul espanhol, também chamada Autovía del Mediterraneo. Nesse trecho ela é pedagiada, mas há a opção de seguir pela N340, que segue quase paralela. O problema é que ela atravessa tudo quanto é vilarejo e há inúmeras rotondas (rotatórias) que fazem o barato sair bem chato. A cidade é muito bacana e vale muito a pena visitá-la. Construções históricas e prédio modernos convivem em harmonia. Boa parte dos pontos de interesse ficam na Ciudad Vieja, como o Ayuntamiento (Prefeitura), a Catedral e o mercado central, e tudo pode ser percorrido a pé. Em um desses giros à noite, sentamos em uma mesa na calçada de um bar na Plaza del Ayuntamiento para tomar uma caña e comer umas tapas e fomos surpreendidos pelo encontro de um grupo de tuna chamado Quarentunos, formados por cerca de 15 senhores (quase todos acompanhados de suas señoras) que aparentavam não menos que 50 anos, que tocavam músicas populares espanholas em violões, bandolins e cavaquinhos. Bonito demais. Ainda que você não tenha muito tempo, vale visitar o mercado central, um bonito edifício no estilo art noveau, com mais de trezentas bancas do que há de melhor na culinária espanhola. Azeitonas, queijos e, claro, o jamón. Verdadeira instituição espanhola, esta espécie de presunto cru é obtidas das patas traseiras do porco e pode ser encontrada em absolutamente todos os lugares que se prezem na Espanha. Experimente também uma espécie de bolacha em forma de palito com anis muito boa que se chamam rosquilletas. Também em art noveau, a Estación del Norte fica próxima ao Ayuntamiento e é ricamente decorada com cerâmica. Há diversos quadros de cerâmica em mosaico desejando "boa viagem" em diversas línguas. Por falar em cerâmica, e se você tiver um pouco mais de tempo (na minha opinião, duas noites e três dias está de bom tamanho), uma boa dica é o Museu Nacional de Cerâmica, antiga residência do Marques de Dos Aguas. Através dos suntuosos cômodos do belo casarão do século XVIII, há diversas peças que são interessantes até para alguém que, como eu, não tem nada que ver com cerâmica. 
Ainda na Cuidad Vieja, colado ao centro, fica o Barrio del Carmen, repleto de bares, restaurantes e baladas para todos os gostos, frequentados por diferentes tribos. Sinceramente, nada demais. Se você for a Valência fora da época de férias, seja mais criativo e vá para o bairro de Aragon, repleto de bares "universitários". Um passeio bem bacana é caminhar pelo leito do Rio Turia, que atravessa e divide a cidade. Seco, o antigo leito foi transformado em um enorme parque, com pistas de cooper, ciclovias, quiosques de bebida e comida e até um parque de diversões. Mas o mais legal mesmo fica no fim dos Jardines del Rio Turia: a Ciutat de les Arts i de les Ciences. Um complexo de cinco edifícios sensacionais, meio futuristas, que é o cartão-postal da cidade. Destaques para o Palau de las Arts e o Museo de les Ciences. Há, ainda, o Oceanografic, um enorme aquário que parece ser muito bacana, mas que não visitamos porque achamos cara a entrada: 24 euros! No final desta caminhada, paramos em um bar em uma avenida próxima e experimentamos uma das bebidas típicas de Valência, a horchada. De aparência leitosa, a bebida é feita de chufos (um tipo de amendoa) e é servida gelada. Muito boa. A outra bebida da cidade é, na verdade, um drinka agua de valencia, uma mistura de cava (espumante) com suco de laranja. Saindo deste bar, pegamos um ônibus de volta ao centro, quando aconteceu a mais incrível coincidência da viagem. 
Três dias antes, a Gabriela, minha parceira de viagem, encontrou uma câmera fotográfica no táxi em que estava em Barcelona. Meio por não saber o que fazer, meio por medo que o taxista pegasse a câmera para si, ela resolveu ficar com a máquina. Logo depois, ela própria esqueceu sua bolsa de praia cheia de coisas em outro táxi. Carma da máquina fotográfica, é claro! E o pior é que ela se deu conta que seria impossível encontrar os donos só pelas fotos. Nelas, aparecia um jovem casal no Parc Guell, em Barcelona e nada mais. Bom, eu disse que seria impossível...de repente, no meio do ônibus, para espanto da galera em volta, ela me solta um grito: "Duuuu, são eles, são eles!". "Eles quem?". "O casal da câmera!". Pois é, os dois estavam cruzando a avenida por onde o ônibus passava!!! Descemos do bumba no ponto seguinte sem tirar os olhos do casal e fomos atrás deles. O diálogo foi hilário: Gabriela - "Do you speak english?"; Menina - "Yes"; G - "you lost your camera?"; Menina, desconfiada - "yes, why?"; G - "Because i got it!"; Menina - "ai, meu Deussss!!!". Sim, eles eram brasileiros! De São José do Rio Preto! Tinham vindo de Barcelona e estavam indo embora de Valência dali a duas horas. Sensacional! Câmera devolvida, ganhamos um vinho de presente e uma incrível história para contar. Mais tarde, fomos ao Paseo de Neptuno, na orla da Playa de Malvarrosa, comer a famosa paella em um dos cerca de uma dúzia de restaurantes que ficam lado a lado. Não tem erro! Peça uma sangria para acompanhar. Muito perto dali ficam as enormes baladas de verão da cidade, apinhadas de locais e turistas. Mas, como se tudo isso não bastasse, Valência também tem praias! Fomos à Playa de La Pineda, a uns quinze minutos de carro do centro da cidade. Como quase todas as outras a que fomos depois, tem toda estrutura para o turismo, como duchas, estacionamento e guardas-sóis. Ok, não é igual às nossas, mas deu para matar as saudades.



terça-feira, 26 de julho de 2011

road trip pela Andaluzia

Quando tirei esse ano sabático para viajar, tinha em mente passar um tempo na Espanha. A ideia era emendar a estada em Londres com alguns meses em terras espanholas. Mas queria que minha vinda coincidisse com o verão, pois já tinha passado um inverno bem gelado na terra da Rainha e estava com saudades do calor. No final das contas, o vencimento do meu visto (e a falta de vontade/coragem de permanecer ilegal no país) aliado à proximidade do Carnaval me fez voltar ao Brasil, onde fiz algumas viagens bem bacanas para o sul, para o norte e para Fernando de Noronha e Rio. E como logo depois fui para a Argentina, pensei que minha vinda para a Espanha ficaria para outra oportunidade. Por isso, quando minha amiga Gabriela disse que ia passar suas férias do mestrado que faz em Londres em Barcelona, não vacilei: propus uma viagem de carro pelo sul da Espanha e ela topou na hora! Apesar do pouco tempo para organizar as coisas básicas (já que estava na Argentina), aluguei um carro e comprei a passagem aérea para Barcelona pela Singapore Airlines, a mais barata quando pesquisei. Se o horário de partida era ingrato (2:50hs da madruga), o de chegada (17:30hs) em Barcelona era ótima. Serviço de bordo excelente, você pode escolher entre duas opções de refeição e os talheres são de metal, além de centenas de opções de filmes e músicas. O avião chegou antes do horário previsto, passei muito rápido e sem nenhuma pergunta pela imigração e fui à locadora. Estava meio tenso por não ter a carteira internacional, mas foi tudo muito tranquilo. Acabei recebendo um upgrade de carro: ao invés de um Ford Focus, peguei uma BMW 116d. Sensacional e, acreditem, muito econômica. Agora que tava boyzão, fui encontrar minha amiga para planejar nosso próximo destino. Não fechamos nada com antecedência, o que fez a viagem ficar muito mais legal, apesar de um ou outro contratempo. A única coisa que tinha certa na minha cabeça era que queria ir até Cadiz, a cerca de 1200 kms de Barça, por influência de dois amigos espanhois que fiz em Londres. Sentamos, abrimos o mapa rodoviário que a locadora me deu e traçamos um "rota": Valência, Almeria, Alicante, Málaga, Cádiz e Sevilha, a qual, já adianto, não foi completamente seguida. Foram, ao todo, exatos 3237 quilômetros rodados e dez cidades visitadas ao longo de 20 dias de uma viagem que passarei a contar nos próximos posts!
Eduardo Cotrim - 20.08.11

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Puerto Iguazú - Cataratas de Iguazú

Não tenho nada contra viajar de ônibus. Aliás, pelo contrário e por medo de avião, gosto bastante, desde que tenha tempo. Mas as 24 horas entre Salta e Puerto Iguazú não foram lá das mais agradáveis. Não que o ônibus não o fosse.
Os argentinos gostam de ônibus confortáveis e tudo o mais, mas o problema é que eles também gostam de ver filmes durante quase toda a viagem. E filmes como "O mecânico" ou "Invasão do Mundo: Batalha por Los Angeles", que foi reprisado três vezes! Fora o volume que não te deixava ignorar o filme, nem mesmo escutando MP3 por fones de ouvido! Ok, faz parte. O que importa é que cheguei a Puerto Iguazú, cidade que, com Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai), faz a tríplice fronteira entre estes três países e que serve de ponto de partida para o Parque Nacional Iguazú, onde se localizam as Cataratas do Iguazú, escolhidas uma das Sete Novas Maravilhas da Natureza em eleição organizada pela fundação New 7 Wonder, e declarada Patrimônio Natural da Humanidade pela ONU.
Hospedei-me no Hostel Bambu, que fica pertinho do terminal rodoviário, o que foi muito bom porque de lá partem a cada 20 minutos ônibus para a entrada do parque. Há tarifas diferenciadas para quem é argentino, natural de outro país do Mercosul e os demais. Como brasileiro, paguei ARS 70 (não aceitam cartão ou outra forma de pagamento que não dinheiro, em moeda argentina), que dá direito a visitar toda área do parque e a utilizar o ecotrem que leva os turistas a um ponto mais próximo de onde se iniciam os dois circuitos que se pode fazer à pé. São eles o circuito inferior e superior, de onde se pode apreciar as cataratas, óbvia e respectivamente, por baixo ou por cima. Ao invés de encarar as enormes filas para tomar o trem, segui pelo Sendero Verde, uma fácil trilha de cerca de 700 metros que leva até o início dos dois circuitos. No caminho, dezenas de quatis aguardavam (e - por que não? - pediam) que os turistas desrespeitassem as placas pedindo que não se alimentassem os animais e lhe atirassem qualquer coisa para comer. Comecei pelo circuito inferior. Alguns lances de degraus levam o turista até uma espécie de passarela que atravessa a floresta subtropical por corredores relativamente estreitos até chegar a uma série de mirantes de onde se pode observar as cataratas de cada vez mais perto. Não posso deixar de comentar que, antes de tudo, uma visita ao Parque Nacional Iguazú é um exercício de paciência, especialmente durante as férias escolares. Há gente demais para espaço de menos e é praticamente impossível ficar mais de cinco minutos em algum mirante sem que você seja empurrado pela horda proveniente das dezenas de excursões que avançam a passos rápidos. Mas, acredite, vale a pena. O conjunto de quedas d'água é realmente incrível e o parque é bem preservado e sinalizado. O ponto alto do circuito inferior é a passarela que leva até bem pertinho de um dos saltos: o banho é inevitável, mas (quase) todo mundo vai preparado com capa impermeável.
É impossível olhar para a cachoeira daquele ponto por conta do deslocamento de ar causado pela força da água e pelos pingos da própria. No caminho para o circuito superior, passei pela bonita cachoeira Dos Hermanas e ainda vi um tucano. O circuito superior oferece uma bacana vista panorâmica das Isla San Martin e do parque. Mas a melhor vista mesmo é a partir do lado brasileiro (R$ 22,00 para brasileiros). O ideal é reservar dois dias: um dia inteiro para conhecer o lado argentino, onde está a grande maioria das quedas, percorrer as trilhas do parque e fazer o passeio de bote até bem perto (ARS 120, por cerca de vinte minutos) das cachoeiras; e meio dia para conhecer o lado brasileiro que, se não tem muitas quedas, tem a melhor vista do conjunto de cachoeiras. O outro meio dia você pode apreveitar e fazer umas comprinhas. Por falta de tempo (já que descolei uma passagem aérea bem baratinha da Azul para Campinas) e pela previsão da chegada de uma frente fria (que trouxe chuvas fortes naquela madrugada para a região), só conheci o lado argentino. No dia seguinte, acordei tarde, arrumei minhas coisas e segui para a rodoviária. Há ônibus a cada meia hora para a rodoviária do lado brasileiro (ARS 7 a passagem). Tomei um por volta do meio-dia, passei pelo posto de imigração argentino e cruzei a ponte Tancredo Neves para voltar ao Brasil. Ainda que não houvesse grandes mudanças de paisagem e de clima, e, para mim, Foz do Iguaçu fosse tão longe de casa quanto Puerto Iguazu, é sempre boa a sensação de voltar ao seu País. Uma hora e vinte de voo depois, lá estava eu em Campinas e, logo, de volta a Itu. Pelo menos por enquanto...


sábado, 16 de julho de 2011

Salinas Grandes e Purnamarca


Bem cedinho, lá pelas 7:20 hs, a van da agência de turismo me buscou no hostel e me juntei a um pequeno grupo de outros turistas para ir até as Salinas Grandes, passando  por diversas localidades encravadas nas Cordilheiras dos Andes, em um passeio de 540 kms que durou até às 19 hs. Inicialmente, a ideia era tomar o Tren de Las Nubens, que percorre 450 kms até em um passeio que dura umas 16 horas. Mas todos com quem conversei me sugeriram o passeio em van, pois, além de ser mais barato (paguei ARS 350, enquanto o trem custa por volta de ARS 600), passa por mais lugares. O único problema, para mim, é que a van para em poucos lugares para fotos e não são poucas as paisagens que valem uma. O melhor (e mais barato) a se fazer, principalmente se você tiver tempo e estiver acompanhado, é alugar um carro, como fizeram três brasileiras que conheci no hostel no dia seguinte ao passeio. Elas, que estavam na semana final de um intercâmbio de seis meses em Buenos Aires, percorreram os mesmos lugares onde estive, mais um monte de outros, e dormiram nas pequenas localidades ao longo do caminho e mantiveram um bom contato com o povo local. De qualquer modo, valeu muito a pena o passeio. Começamos a subir a cadeia de montanhas pela Quebrada del Toro, um rio quase seco, ao lado do qual a Ruta 51e a linha do trem seguem quase lado a lado até Santo Antonio de Los Cobres. A paisagem impressiona e logo surgem os primeiro cordones, espécie de cactus que chegam a até 5 metros de altura e crescem em íngremes encostas entre 2000 e 5000 metros sobre o nível do mar. O bacana do passeio com guia é que você recebe uma chuva de informações. A primeira parada foi em uma localidade chamada Santa Rosa de Tastil, composta, basicamente, por uma igreja, um centro de artesanato, uma mercearia e um punhado de casas. Muito próximo a ela ficam as ruínas de uma cidade que, segundo a guia, chegou a abrigar 2500 pessoas, que desapareceram sem deixar vestígios por volta do ano de 1500.
Não foram encontrados ossos ou outros sinais que poderiam indicar uma epidemia ou guerra. O lugar impressiona pela vista e também pelo incrível silêncio, quebrado pelos cantos entoados por uma das turistas, que tinha ascendência indígena e disse ter sentido uma grande energia no local (do que não duvidei). De lá, seguimos pela sinuosa estrada cercada por altas montanhas e incontáveis cordones (dava a sensação de que a qualquer momento passaria o papa-léguas com o coyote no seu encalço) até Santo Antonio de Los Cobres, talvez a maior vila da região com, situada a 3775 metros acima no nível do mar, onde pudemos almoçar e dar uma volta. Havia uma procissão católica pelas ruas. Comi uma cazuela de cordeiro muito boa. Pé na estrada de novo, seguimos pela empoeirada Ruta 40 (a mais longa estrada da Argentina) até as Salinas Grandes, fenômeno geológico que ocorre pela evaporação da água existentes em lençóis subterrâneos (e não por evaporação de água salgada). Tempo para tirar algumas fotos e logo seguir até Purnamarca. No caminho, atingimos o ponto mais alto (literalmente) da viagem - 4100 metros acima do nível do mar – para então iniciar uma incrível e sinuosa descida que fez o filho pequeno do casal argentino que estava no grupo passar muito mal. Em Purnamarca fica o Cerro de Las Siete Colores, cujos estratos de rocha variam em muitas cores por de trás do simpático vilarejo. Pausa para tomar água e tirar algumas fotos, antes de seguir o longo caminho de volta a Salta, a tempo de ver a eliminação da Argentina ante o Uruguai. Depois, uma volta e algumas cervezas com uns ingleses que conheci no hostel. A noite em Salta é movimentada nos finais de semana, principalmente na Calle Balcarce, que concentra a maioria dos bares, casas noturnas, restaurantes e as peñas, casas de música popular onde grupos locais se apresentam vestidos com roupas folclóricas. As letras invariavelmente falam de amores, correspondidos ou não, e grandes feitos do povo do interior. Vale conferir.




sexta-feira, 15 de julho de 2011

Salta

Isabella
Sabe aquela sensação de estar na casa de amigos em alguma cidade no interior? Era assim que me sentia no hostel em Córdoba. Seu dono, o Mike, deixava todo mundo muito à vontade. Todos os dias aparecia algum amigo dele para jogar uma partida de pingue-pongue ou de playstation e sua filhinha estava sempre no meio dos hóspedes, dando um ar mais família à casa (que parecia aquelas de vó, com um quintalzão). Os asados eram sempre sensacionais, com todo mundo se integrando na grande mesa de piquenique nos fundos. Por isso foi meio triste me despedir de todo mundo, mas tinha de seguir viagem. Meus amigos voltariam na manhã de sexta para Itu e eu ainda tinha 13 horas de viagem de ônibus pela frente até Salta, capital da província de mesmo nome, localizada no noroeste da Argentina, a 810 km de Córdoba. A distância até que não é tão grande, mas a sensação é de entrar em outro país.
A começar pela fisionomia da pessoas: saem os traços de origem europeia e entram os dos ancestrais indígenas que habitavam (e alguns ainda habitam) a região. A vegetação se torna mais seca nessa época do ano (não chove há meses na região) e a topografia é dominada por serras e montanhas, estas, compostas pela face leste da Cordilheira dos Andes. Fiz o check-in no hostel, localizado entre a rodoviária e o centro da cidade e fui dar uma volta. Percorri todo o centro e o entorno na Plaza 9 de Julio, onde se encontram o Cabildo, a Catedral e a Casa de Gobierno, além de vários cafés e restaurantes com mesinhas voltadas para a praça. Subindo a Calle Caseros, passei pela belíssima Iglesia San Francisco e seu convento, em estilo neoclássico italiano, ainda mais bonito com a iluminação noturna.
Seguindo em direção ao albergue, passei pela Plaza San Martín, onde, depois de almoçar um guiso de lentejas (prato típico da argentina, um ensopado de lentilhas com legumes, carne e linguiça), tomei o teleférico (ARS 30, ida e volta) até o Cerro San Bernardo e sua impressionante vista da cidade, com as montanhas ao fundo. No próprio hostel acertei o passeio do dia seguinte pela região por ARS 350. Pode-se conseguir passeios mais baratos, mas preferi me garantir já que algumas pessoas que conheci no albergue tinham me dado boas referências sobre ele. À noite, conversei com um monte de gente no albergue e fui dormi um pouco mais cedo, já que me buscariam às 7:00hs para o passeio.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Brasil x Equador

Encerrando a primeira fase da Copa América, o Brasil jogou contra o Equador no Estádio Mario Alberto Kempes, em Córdoba. Desta vez, contudo, nada de filas, confusão e empurra-empurra: o estádio estava longe de sua lotação total. Enquanto o trio se "aventurava" em um passeio a cavalo, fiquei no hostel, parte porque o asado (e principalmente, o fernet) do dia anterior cobrou o seu preço, parte porque queria atualizar minhas coisas na internet e tinha de retirar os ingressos, o que fiz sem qualquer incidente. À noitinha, depois que o resto do grupo chegou, arrumamos nossas coisas e pegamos uma carona com Marcelo, dono dos cavalos usados do passeio da tarde, e seu filho até o estádio. Já na entrada, aquela mesma lenga-lenga de equipes de televisão entrevistando torcedores e muita gente querendo aparecer, o que facilitava o trabalho dos jornalistas em busca de pauta para cobrir enorme grade de horário dedicada à Copa América (aqui na Argentina, há pelo menos três canais de esportes que falam 24 horas por dia do torneio).
Ficamos em um lugar bem bacana, perto do campo, cercados por partes iguais de argentinos, equatorianos e brasileiros. Em boa parte do primeiro tempo, o Brasil mostrou a mesma lentidão na saída de bola e falta de movimentação do meio para a frente. André Santos na lateral esquerda parecia jogar rugby: só tocava para trás e para os lados. Quando repetia isso pela décima-oitava vez para quem quisesse ouvir, ele acertou um cruzamento na medida para o Pato abrir o placar. Ele foi comemorar bem em frente de onde estávamos e deu para ouvir até o barulho dele socando o próprio peito. No intervalo, pausa para um "super pancho" (ou perro caliente) horroroso. Como eu gostaria que os dirigentes que organizam esses torneios fossem obrigados a experimentar o que oferecem aos torcedores (por ARS 15)!
Não bastasse a cerveja sem álcool, um hot dog insosso, sem qualquer tipo de molho. Enfim, o segundo tempo foi mais divertido e movimentado e o jogo acabou 4 a 2 para o Brasil, com dois gols do Neymar, sempre muito vaiado pela torcida local e aplaudido pela torcida brasileira. Em vários momentos, aliás, podia-se ouvir uma musiquinha que fala que o Maradona foi más grande que Pelé! Melhor não discutir...Na saída, aí sim, um banquete digno de um estádio de futebol: choripan, que nada mais é do que um pão com linguiça, uma folha de alface e duas rodelas finas de tomate. O segredo é olhar para o lado enquanto o tiozão prepara o seu lanche. Se não, você vai notar que a higienização das mãos não é o forte ali...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Alta Gracia

Se Córdoba é interessante por sua agitada vida noturna, universidades e alguns prédios históricos, a região em seu entorno guarda belas paisagens e pitorescas cidades que valem ser visitadas. Uma delas é Alta Gracia, pacata cidade de cerca de 40 mil habitantes, que fica a uns 40 kms de distância, declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Fundada por jesuítas no século XVII, passou a receber famílias de argentinos mais abastados em busca de tranquilidade e ar puro na primeira metade do século passado. Uma dessas famílias foi a de Ernesto Guevara de la Serna, conhecido posteriormente como Che Guevara, que para lá se mudou por recomendação médica (já que "Ernestito" tinha asma).  Uma das casas onde o futuro líder revolucionário passou boa parte da sua infância foi transformada em um museu (ARS 5 a entrada), com várias fotografias, objetos pessoais e painéis que descrevem sua infância, as suas viagens (inclusive a que fez com seu amigo Alberto Granado, retratado do filme "Diários de Motocicleta") e sua vida na luta armada. Simpatizante ou não desse jovem médico que viajou pela América Latina, participou da Revolução Cubana e morreu nas selvas bolivianas, depois de fracassar em estender tal revolução no Congo e na Bolívia, a visita vale a pena para se conhecer um pouco mais desse controverso personagem histórico (hoje, um mito pop que faz vender desde cuias para chimarrão até camisetas, livros e chaveirinhos). O melhor (e mais barato) modo de se chegar a Alta Gracia é de microônibus, que partem do terminal que fica na parte de trás do Mercado Sud (Blv Illia, 155) numa viagem de mais ou menos 45 minutos ao preço de ARS 10. O terminal de ônibus de Alta Gracia fica perto do Museu do Che (15 minutos de caminhada) em um bairro bem agradável, com muitas árvores e casas de muro baixo.
Antes de visitarmos esse museu, fomos ao Museu Manuel de Falla, antiga casa deste famoso compositor espanhol, que fugiu do regime de Franco durante a Guerra Civil espanhola e viveu em Alta Gracia até a sua morte. A exemplo daquele dedicado a Che Guevara, este museu conta com objetos pessoais, como correspondências, batutas usadas em concertos e até uma máquina de enrolar cigarros. É mais interessante para quem o conhece e/ou gosta de história da música. Também custa ARS 5. Ainda passamos por bem-cuidado parque que abriga um cassino e um restaurante. Fim de tarde, hora de voltar a Córdoba a tempo de encarar um ótimo asado feito pelo Mike no hostel.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Argentina x Costa Rica

Comprei os ingressos para o jogo do Brasil ainda em maio, mas não consegui entrada para nenhum jogo da Argentina, que atuaria em Córdoba entre os dois jogos da "canarinha" por aqui. Por sorte, conseguimos comprar os ingressos de um funcionário do bar do clube onde se fazia a entrega das entradas para o jogo conrtra o Paraguai e lá fomos nós, cinco brasileiros, nos meter no meio da hinchada argentina.
No dia anterior, havíamos comprado umas camisas estilizadas da Argentina em um bar e três de nós decidimos vesti-las. Ainda bem que não inventamos de ir com algum adereço da Seleção Brasileira! Fizemos um esquenta em um bar não muito longe (mas também não muito perto) do estádio e nos dirigimos à entrada uns 40 minutos antes do horário do jogo, com tempo suficiente para nos acomodarmos. Em tese, porque na prática foi muito diferente: chegamos junto com a hinchada argentina unida, torcida organizada criada a partir de uma ONG por um dirigente ligado a Néstor Kischner para apoiar a Seleção local, que é acusada de receber ilegalmente dinheiro público e ser formada por barras bravas. Enquanto alguns de seus integrantes, com seus instrumentos musicais, eram liberados para entrar, outros tantos forçavam passagem sem ingressos, o que levou a polícia a fechar os portões de acesso ao setor popular norte, onde ficaríamos. Ficamos no meio da multidão, sem conseguirmos nos mexer, por cerca de meia hora.
À medida que o início da partida se aproximava, os torcedores foram ficando mais nervosos e começaram a cantar músicas para que os portões fossem abertos e a, vez ou outra, xingar a tropa de choque, que fez uma linha de contenção. Depois que o jogo começou, parte da torcida empurrou para tentar entrar a força, o que fez com que a tropa de choque partisse para cima de todos batendo os cassetetes contra seus escudos. A hora que vimos, estávamos frente a frente com eles, que não chegaram a bater em ninguém. Por via das dúvidas, não falávamos alto para não chamar a atenção e evitar qualquer problema. Depois de várias tentativas e mais uma carga da tropa de choque, conseguiu-se formar uma fila e entramos no estádio, não sem antes o Fábio tomar dois tapas dos policiais quando entrávamos no corredor polonês por eles formado. Entramos por volta dos 30 do primeiro tempo. Lá dentro, um jogo tenso até a Argentina abrir o placar, no finalzinho do primeiro tempo. No segundo tempo, um show de Messi contra uma fraquíssima Costa Rica. Ainda deu para filmar os outros dois gols da vitória por 3 a 0. Uma experiência sensacional! Saímos de lá e andamos muito, mas muito mesmo até conseguir pegar táxi e voltar para o hostel, mas aí tudo era festa.







sábado, 9 de julho de 2011

Brasil x Paraguai - Córdoba

Córdoba é a segunda maior cidade da Argentina - 1,3 milhão de habitantes - e fica a cerca de 700 kms de Buenos Aires. Bem plana, abriga a universidade mais antiga em funcionamento na América do Sul e é casa de quatro equipes de futebol, sendo a mais conhecida, agora, o Belgrano, que ganhou do River Plata na promoccíon e o rebaixou à segunda divisão do campeonato nacional. A retirada dos ingressos, contudo, seria feita no estádio do Instituto de Córdoba, que fica um pouco longe do hostel onde estávamos.
Para evitar as longas filas como a que me fez perder o primeiro tempo do jogo contra a Venezuela, fui cedo com o Tiago - que ainda não tinha ingresso - e o Carlão, um carioca que conhecemos no albergue. Pegamos um táxi do lado direito de uma rua larga e tínhamos de pegar uma rua à esquerda. O taxista, bem jovem, virou à esquerda sem olhar e o táxi foi atingido em cheio por um outro carro, bem em frente a dois policiais! Apesar do barulhão e do estrago considerável, ninguém se machucou. Como comentei em outro post, andar de táxi por aqui é uma aventura (o que pegamos para ir de onde retiramos o ingresso até o estádio onde seria o jogo fez de tudo, até andar um bom trecho de uma avenida na contra-mão). Tomamos outro táxi e, enquanto fiquei na fila para retirar as entradas, os dois foram até o bar do clube e conseguiram comprar por ARS 200 ingressos para o jogo da Argentina contra a Costa Rica, pela última rodada da primeira fase da Copa América. Encontramo-nos com o Fábio e o Tomba e fomos para o estádio Mario Alberto Kempes, reformado para o torneio. A esmagadora maioria era de torcedores paraguaios.
A entrada foi bem tranquila e a cada cinco passos, algum voluntário nos orientava para onde ir. Ficamos ao lado do setor da imprensa e nos juntamos com outros grupos de brasileiros para tentar fazer frente ao tanto de paraguaio que nos rodeava. Infelizmente, não se vende cerveja com álcool nos estádios da Copa América, o que tira um pouco a graça do evento. Aliás, diga-se que o clima (e o público) é completamente diferente de jogos por torneios de clubes no Brasil. Prefiro as partidas de clubes! A partida foi emocionante pelo placar e por algumas chances perdidas, mas a Seleção jogou, mais uma vez, muito mal. O engraçado é que alguns do grupo em que estávamos começaram a xingar o Mano Menezes e a vaiar o Jadson, que jogou no lugar do Robinho. Quase todos ali em volta entraram no clima e, em tom de brincadeira, começamos a cantar "olê, olê, olê, olá...Marta, Marta", numa alusão à camisa 10 da Seleção feminina. Alguns repórteres vieram entrevistar pessoas do grupo e a filmar o "protesto" (mais falta do que fazer por estar a partida chata do que realmente um protesto).
Pouco tempo depois, o Jadson fez o gol do Brasil e o Mano virou-se para nosso grupo e começou a aplaudir de maneira irônica!!! E ainda li em sites brasileiros alguma repercussão sobre isso! Que besteira! No fim das contas, o Brasil levou uma virada e só conseguiu empatar no último minuto do jogo, o que nos livrou de escutarmos zombaria dos paraguaios (que estavam até gritando "olé"). Antes de voltarmos ao hostel, ficamos um bom tempo em uma pizzaria não muito longe tomando uma boa Quilmes cornetando a Seleção e tudo o mais.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

El Caminito e La Bonbonera

Dia de ir para Cordoba, arrumamos nossas coisas, deixamo-nas na recepção do flat - já que nossos voos só partiriam à noite -, e fomos até La Boca, bairro à oeste do centro de Buenos Aires onde se localiza El Caminito e o estádio do Boca Juniors, conhecido como La Bonbonera.
Desta vez, tomamos o ônibus da linha 29, cujo ponto final era El Caminito. Como os ônibus não têm cobradores, você deve levar o valor da passagem (ARS 1,25) em moedas e colocá-las no emissor de bilhete que fica atrás do motorista. Os ônibus são um show à parte: parecem saídos de algum clipe de música sertaneja. Coloridos, alguns deles têm pequenos gárgulas no parachoque. No interior do que pegamos, havia aranhas de brinquedo grudadas nas paredes e no teto, e bruxas penduradas do retrovisor, que davam um ar meio "kitsch" ao colectivo.
Cerca de 40 minutos depois, chegamos a El Caminito, uma pequena rua ladeada de casinhas coloridas, em cujo entorno se encontram feirinhas, lojas de artesanato e lembranças, restaurantes e shows de tango ao ar livre. Já vou logo dizendo que não gostei do lugar! As pessoas te abordam oferecendo todo tipo de coisa, desde tirar foto em um pose de dançarino de tango (acabei caindo nessa. depois de dizer que não cobrariam por fotos, as dançarinas pediram uma colaboración de R$ 20,00 de cada um! demos, ao todo, R$ 12,00) até miniaturas do Maradona. Tudo soa forçado demais!
Enfim, o que um dia já foi um bairro de imigrantes, principalmente italianos, que pintavam suas casinhas humildes com resto de tintas de barcos para deixá-las menos feias, virou um shopping a céu aberto. Ou vai ver que eu é que sou chato demais...A poucas quadras dali fica o estádio do mais popular time da Argentina, o Boca Juniors. Palco de jogos históricos, o estádio realmente impressiona, principalmente àqueles que gostam de futebol. Por fora, pinturas nos muros retratam a história do bairro e do clube. Por dentro, uma lojinha de artigos do clube, um museu (naquele estilo troféus-camisas antigas-totens audiovisuais) e um restaurante, com uma adega de vinhos, fazem bem o seu papel de introdução ao estádio. Mas o bacana mesmo é o que mais importa em um estádio: o acanhando campo e as imponentes arquibancadas. Há um tour guiado que dura cerca de uma hora e custa ARS 40 e que percorre alguns dos setores das arquibancadas e os vestiários da equipe visitantes.
 Os torcedores ficam a não mais que 4 ou 5 metros do gramado e têm acesso direto ao teto dos bancos de reservas. As arquibancadas têm um enorme grau de inclinação, o que aumenta a sensação de se estar em um alçapão. Deve realmente ser muito complicado para o time visitante jogar ali, o que torna ainda mais impressionante a vitória do modesto Paysandu por um a zero pela Libertadores de 2003. O heroi daquela partida, Iarley, foi depois contratado pelo Boca e jogou por pouco mais de uma temporada, tendo sido campeão da Libertadores e do Mundial de clubes. É ídolo dos torcedores, como nos explicou o fanático taxista que nos levou de volta ao flat para pegarmos nossas coisas. À noite, fomos ao aeroporto de onde partem os voos domésticos e pegamos diferentes aviões para Cordoba.
A viagem dura cerca de uma hora de dez minutos e, de cima, pode-se ver que a cidade é plana e grande. O aeroporto fica um pouco distante do centro e há uma tarifa de táxi diferenciada, o que a torna mais cara do que o que acostumamos a pagar. Chegamos ao hostel, Pewman Che, e fomos recepcionados pelo super simpático dono, Mike, filho de uma brasileira com um suíço, e logo nos juntamos ao sensacional asado que estava sendo feito no quintal, acompanhado da bebida tradicional cordobesa: fernet com coca-cola. No meio da madrugada, nossos outros dois amigos ituanos, Tomba e Fábio, chegaram, completando o time dos que saíram de Itu.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Palermo e Recoleta

Como teria de esperar meu amigo Tiago, que chegaria por volta das 13hs, aproveitei para dormir até (mais) tarde. Quando ele chegou, nos encontramos com um casal de amigos, Fábio e Andrea e fomos à Plaza Serrano, em Palermo Viejo, ou, como os portenhos gostam de chamar, Palermo Soho ou Palermo Hollywood (há, no entanto, uma resistência de alguns a essa glamourização do nome: www.palermoviejo.com). A ida foi muito engraçada (depois que chegamos sãos e salvos, claro), pois o taxista parecia estar em outro planeta, tirando “finas” de outros carros e ônibus. Aliás, tenho a impressão que nossos vizinhos não são seguiram os passos de Fangio. Palermo é um bairro muito agradável, arborizado, onde se encontram parques, jardins (o Jardim Japonês e o Jardim Botânico, por exemplo) e o hipódromo.  O entorno da Plaza Serrano conta com dezenas de lojas descoladas e “resto/bares” bacanas. Comemos algumas tapas e empanadas em um deles, demos uma volta e paramos no fim de tarde no Sullivan, um irish pub onde, como em tantos outros bares, pode-se encontrar o happy hour, uma promoção em que toda bebida pedida lhe dá direito a outra (o famoso "dois por um"). À noitinha, depois de darmos com as portas do bar Museum fechadas, fomos ao bairro da Recoleta buscar um bom lugar para secar, digo, assistir à partida da Argentina contra a Colômbia. Principalmente nas Calles Junin e Vicente Lopéz, ao lado dos muros do Cementerio de la Recoleta (onde jaz, dentre outros, Evita Perón). Ali, entre vários bares e restaurantes descolados, escolhemos o Portezuelo, muito bacana. Durante a partida, a música foi desligada para que se pudesse ouvir a narração do jogo. O ponto alto foi o hino nacional argentino, cantado com força pelos presentes. Já a partida, foi mais uma má apresentação da selección local, para frustração da galera em volta e alegria da cerca de uma dezena de colombianos que se juntaram no andar de cima. Como quase todos os bons resto/bares de Buenos Aires, este tinha uma grande carta de vinhos nacionais e, com a ajuda do garçon, experimentamos alguns deles, todos muito bons. Ao final do jogo, voltamos para o apartamento para descansar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Centro, Retiro e Jazz...

Hoje foi dia de bater perna. Não vou dizer que acordei cedo, pois o frio me prendeu debaixo das cobertas. Mas depois que acordei, não parei. Tomei um café com "pan de queso" (não se engane, não dá para comparar) no Starbucks no térreo do prédio onde estou e fui logo ao Palacio de las Aguas Corrientes, que fica a uma quadra. Prédio imponente e muito bonito por fora, nada demais por dentro. O Museo del Patrimonio em seu interior, que fala sobre a sanitarização da cidade, é facilmente dispensável. Desci a Av. Cordoba até a Av. 9 de Julio e dobrei à direita até o Teatro Colón. De longe, a edificação mais bacana que vi até agora em Buenos Aires.
Pena que seu entorno está em obras, o que dificulta muito boas fotos. Em busca de um ângulo melhor, cheguei até a Plaza Lavalle, também conhecida como Tribunales por abrigar o Palacio de Justicia, sede do judiciário argentino. Uma barulheira de latidos de cães logo me chamou a atenção e pude ver cerca de cinquenta deles acompanhados de seus "passeadores", que são pessoas pagas para dar uma volta com os bichos. Cada um deles levava uns 10 cachorros e, naquele momento, os deixavam presos por coleiras ao gradil da praça enquanto conversavam entre si. Após entender-me com um boxer que circulava solto por ali, voltei à Av. 9 de Julio - uma impressionante via com 140 metros de largura e seis pistas em cada sentido -, por onde caminhei até o Obelisco, lugar onde os torcedores comemoram as conquistas de seus times de futebol, na esquina com a Av. Corrientes.


De lá, segui pela Av. Saenz Peña até a Plaza de Mayo, talvez a mais importante de Buenos Aires e, por consequência, da Argentina. É lá que fica a Casa Rosada, o Palácio Presidencial, de cujas sacadas Evita Perón dirigiu-se ao povo argentino para pedir a libertação de seu marido (retratada por Madonna no filme Evita, que tive o prazer de não ver), além de outros prédios governamentais e históricos, como, por exemplo, o Cabildo, antigo centro administrativo da época da dominação espanhola. A Plaza de Mayo é palco das mais importantes manifestações populares a favor e contra os governos. Atualmente, um grupo de veteranos da Guerra das Malvinas está lá acampado em busca da equiparação para fins de indenização e pensão do contingente baseado na costa argentina à dos combatentes que atuaram diretamente na frente de batalha nas ilhas objeto de disputa com a Inglaterra. Ah, se no Brasil protestássemos assim...Desci, então, em direção a Puerto Madero, passando pelo bonito prédio do Ministério de La Defensa. Percorri todo Puerto Madero até chegar ao terminal de Buquebus, o barco que cruza o Rio da Prata ligando Buenos Aires à cidade de Colônia, no Uruguai. Comi qualquer coisa em um café e fui até o bairro do Retiro conhecer a Plaza San Martín, muito grande e bonita, com sua espécie de imitação do Big Ben. Lá também se encontra o Monumento a los Caídos en Malvinas, em homenagem aos 649 combatentes argentinos mortos naquele conflito, e pode-se ver o edifício Kavenagh, obra modernista dos anos 30. Cruzei toda a praça e cheguei até a Calle Florida, apinhada de turistas e tudo o que os cerca (protitutas, "artistas" de rua, pedintes, batedores de carteira e lojas, muitas lojas, de tudo o que se possa imaginar). Subi a Calle Viamonte até onde estou hospedado para entrar em contato com Barbara, minha amiga argentina que conheci na viagem ao sul do Brasil e combinar um café. Encontrei-a pouco tempo depois e ficamos um tempão conversando sobre coisas da Argentina, e, vez por outra, comparando-as com o Brasil. Despedi-me dela e fui para um "resto/bar" misturado com uma loja de discos chamada Notorious (Av. Callao, 966 - www.notorious.com.ar) onde estava rolando um tributo a Louis Armstrong (que ontem, 04.07, comemoraria 111 anos de vida) com o Fraga, Motta, Giunta Trío. Encontrei esse lugar meio por acaso, pesquisando o que fazer hoje à noite na internet. Não poderia ter sido melhor. O ambiente é intimista, à meia-luz, o público fica sentado e o som é sensacional. Especialmente o pianista, Manuel Fraga, que antes de toda música a apresenta e conta um pouco de sua "história", faz valer a visita (eles tocarão todas as terças-feiras de julho). Por sugestão da garçonete, pedi um "cuadril", acompanhado de um vinho de Mendoza, que estavam perfeitos. Esse é o tipo de ocasião que fico feliz e triste por estar sozinho. Triste porque gostaria de compartilhar com outras pessoas os bons momentos que passei lá, mas, ao mesmo tempo, acho que prefiro curtir sozinho, pois sei que não é todo mundo que gosta desse tipo de programa, e talvez não concordasse comigo...