quarta-feira, 30 de março de 2011

Mostardas - RS

Mostardas é uma pequena cidade do litoral gaúcho espremida numa estreita feixa de terra entre a Lagoa dos Patos e a Lagoa dos Peixes. Para chegar lá desde o Chuí, viajei por quatro horas de ônibus até Rio Grande pela BR 471 - uma reta só, bem asfaltada e plana, que corta uma imensa planície que parece não ter fim, repleta de campos e banhados que justificam o seu apelido de "pantanal gaúcho". Em Rio Grande, caminhei da rodoviária até a hidroviária, onde peguei um barco para fazer a travessia até São José do Norte, na outra margem da Lagoa dos Patos. Lá, encarei mais umas quatro horas de ônibus até Mostardas, viajando pela BR 101 (que começa em São José do Norte). Uma das coisas que mais me chamaram a atenção nessa viagem ao sul do Brasil foram os preços baixos. Tudo bem que viajar fora de época ajuda, mas a alimentação e, principalmente, a hospedagem, são bem em conta. A maior prova disso foram os R$ 10,00 pagos por dia de hospedagem no Hotel São Luiz Rei (que, acrescido do "de França", foi o primeiro nome do município), que, na verdade, é a casa de uma simpática senhora. A maior atração da pacata cidade é o Parque Nacional da Lagoa dos Peixes, importante refúgio de aves migratórias. Infelizmente, por ser baixa temporada, não havia nenhuma agência operando e não havia como percorrer os cerca de 50 kms, boa parte dos quais pela praia para chegar até lá. O negócio foi dar uma boa volta pela cidade, comprovar que o gaúcho do interior é muito mais fechado e sisudo do que o da capital e observar a influência portuguesa (açoriana) na arquitetura, especialmente nas casinhas com eira e beira, e grandes janelas e portas, a exemplo do hotel onde fiquei. No dia seguinte, andei 12 kms até a praia, considerada por muitos uma das mais extensas do mundo. Na verdade, trata-se de uma faixa de areia que se estende por cerca de 300 kms, desde São José do Norte até Osório. Como não há grandes acidentes naturais em seu caminho, a impressão que dá é que se trata de uma praia só. Andei por mais de duas horas no sentido norte da praia e não encontrei uma única alma viva. Os únicos mamíferos que encontrei foram uma vaca e seu bezerro, que, a julgar pela corda partida em seus pescoços, devem ter escapado de alguma fazenda da região. Voltei para o balneário de Mostardas, mas, desta vez, esperei o ônibus escolar para voltar à cidade, de onde, no dia seguinte, parti cedinho para Torres.


domingo, 27 de março de 2011

dia # 13

Finalmente chegou o dia de cumprir o objetivo da viagem: chegar ao extremo sul do País! O tempo ajudou com um belo sol, poucas nuvens e temperatura agradável. Chuí é, de fato, o município mais ao sul do Brasil, mas o ponto mais meridional pertence, na verdade, ao pacato município vizinho de Santa Vitória do Palmar. Tomei um ônibus até uma localidade chamada Barra do Chuí e caminhei cerca de um quilômetro até a Ponte Internacional. Esta ponte passa sobre o Arroio Chuí, bonito rio que nos separa do Uruguai. Ao contrário do que muita gente pensa, o ponto extremo no Brasil não fica no litoral, mas sim aproximadamente dois quilômetros acima da foz do rio. Caminhei por uma trilha até uma pequena placa que indica o que seria o extremo sul do Brasil. Cumprida a “missão”, voltei pela  trilha até a estrada e rumei até uma das entradas da praia para chegar ao “final” (ou começo, dependendo do ponto de vista) de nosso litoral. A foz do Arroio Chuí é cercada por rochas e blocos de cimento que formam uma espécie de molhe, provavelmente para que a fronteira não seja modificada pela ação dos elementos. Estranha e bacana a sensação de estar em um dos “cantos” desse nosso gigante País. Para o Norte, pouco mais de 7.300 quilômetros de costa continental a serem um dia visitados.

sábado, 26 de março de 2011

dia # 12

Durante a madrugada, o tempo virou novamente e uma fria garoa nos recebeu quando saímos, ainda de madrugada, para pegarmos o caminhão até a entrada no parque, já que o ônibus que me levaria até o Chuy passaria às 6:30hs.
Minhas companheiras de viagem tomaram o mesmo ônibus, mas desceram em Punta del Diablo, um vilarejo no meio do caminho. Cheguei ainda de manhã em Chuy, separada do Chuí brasileiro por uma avenida que, do lado uruguaio se chama Brasil, e do lado brasileiro se chama Uruguai. Do lado uruguaio, muitos “free-shops” atraem turistas brasileiros para as compras de eletrônicos, bebidas e perfumes. Do lado brasileiro, tive a nítida impressão de que continuava no Uruguai, pois o comércio e os hotéis são, em sua maioria, de uruguaios. Muito interessante a mistura do português com o espanhol, resultando em um “portunhol’ com sotaque gaúcho. Hospedei-me em um hotel do lado uruguaio e, depois de descansar um pouco, passei o dia caminhando pelas ruas da cidade.
À noite, fui a um restaurante na avenida principal e, da varanda, pude ver que o programa favorito dos locais aos sábados à noite é circular de bicicleta, moto, carro, caminhonete e até mesmo em cavalos mecânicos de grandes caminhões para verem e serem vistos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

dia # 11


Acordei cedo e saí para explorar o lugar. Como já estava sentindo falta de ficar sozinho, deixei as minhas companheiras dormindo e fui até o farol. Vencidos os seus 122 degraus, fui recompensado com uma vista de tirar o fôlego.  Segui, então, para a Playa Norte e caminhei por sua areia fofa contra forte por cerca de duas horas até as rochas que formam a Punta del Castillo Grande, marcando o seu final. Fiquei curtindo a tranquilidade do lugar deitado nas rochas por um tempo e, depois, segui caminhando por outras duas pequenas praias margeadas por costões rochosos. Subi as dunas que levavam ao ponto mais alto do parque, uma rocha circundada por dezenas de outras formações rochosas com formas curiosas. Lá do alto pude avistar os vilarejos de Valizas e Aguas Dulces de um lado, e quase todo o parque e o Cabo Polonio do outro. Incrível!

Depois de curtir o visual por um bom tempo, caminhei de volta à vila, desta vez empurrado pelo vento. Encontrei-me com minhas companheiras de viagem e fomos jantar em um dos outros dois restaurantes, tocados por um jovem casal de uruguaios muito simpáticos, Olívia e Martín. Ela nasceu em Brasília, morou em Salvador e Fortaleza antes de ir com os seus pais para o Uruguai. Eles moravam havia três anos em Cabo Polonio e nos fizeram jurar que não contaríamos para ninguém sobre o lugar (claro que discretamente cruzei os dedos).

quinta-feira, 24 de março de 2011

dia # 10


 A chuva parou ainda de madrugada e o dia começou com sol e bastante vento. Tempo de mais uma caminhada até a Playa del Barco antes de fazer o check-out e tomar o ônibus para Cabo Polonio, na companhia da portuguesa que conheci no hostel, que, assim como eu, foi convencida pelo casal argentino a visitar o vilarejo. Esperando o ônibus, conhecemos uma médica argentina que acabou por mudar os seus planos de ir a La Paloma, um balneário ao sul, e nos acompanhar. Coisas de mochileiros! O ônibus nos deixou à beira da Ruta 10, próximo à entrada do Parque Nacional Cabo Polonio. Para chegar a Cabo Polonio, embarcamos em um caminhão adaptado para transpor os cerca de 15 quilômetros da estrada arenosa que leva até a praia (são proibidos carros, que ficam estacionados na entrada do parque).
De lá, o caminhão ainda percorre cerca de um quilômetro pelas areias da praia até entrar no vilarejo, inscrustrado em um morro que separa as duas praias de Cabo Polonio, e onde se localiza o onipresente farol. Descemos na "praça" central e logo diversos locais nos ofereceram "cabañas" para alugar. Optamos por uma casinha amarela de madeira no alto do morro, a meio caminho das duas praias e muito próxima ao farol. Apesar de simples, a casinha acomodava a nós três tranquilamente e ainda contava com um pequeno fogão e vários castiçais para as velas, já que, como quase todas as outras casas, não possuía energia elétrica (luxo permitido a poucos que tinham um gerador a óleo). Fomos logo ao costão em frente ao farol, onde repousam focas e leões-marinhos. Vimos vários destes animais, tão desajeitados fora da água quanto ágeis dentro dela. Como o dia estava acabando, seguimos para a encosta voltada para a Playa Sur, uma grande enseada, para assistir ao pôr-do-sol. No caminho, buscando o melhor ângulo para uma foto, quase pisei em uma cobra, que se escondeu rapidamente na vegetação rasteira. À noite, jantamos um ótimo pescado em um dos três restaurantes que estavam abertos e rumamos com nossas lanternas de volta à casinha, não sem antes curtir um pouco do céu repleto de estrelas e a lua minguante subindo por trás do farol, já aceso.



quarta-feira, 23 de março de 2011

dia # 9

Choveu durante a madrugada toda e continuaria a chover por todo o dia. Ruim para ir para a praia, bom para conhecer pessoas. Muita gente chegou ao hostel neste dia, incluindo uma portuguesa, um jovem casal argentino e duas amigas também argentinas, todos moradores de Buenos Aires. Pouco depois do almoço, minha nova amiga, Bárbaba, se despediu e tomou ônibus de volta a Montevidéu, de onde seguiria para Buenos Aires. O mais legal de se hospedar em hostéis é a oportunidade de encontrar gente de todo o mundo e, às vezes, companheiros para trechos de sua viagem. Fui jantar com a portuguesa e o casal argentino no mesmo restaurante onde havia almoçado no dia anterior, de frente para o mar, e depois de comer um delicioso "ojo de bife" com o bom vinho Tannat, típico do Uruguai, ouvi histórias muito interessantes sobre Cabo Polonio, um povoado isolado um pouco mais ao norte de La Pedrera, de difícil acesso e sem eletricidade. Assim foi fácil decidir que essa seria a próxima parada, no dia seguinte.

terça-feira, 22 de março de 2011

dia # 8

O dia amanheceu muito bonito mais uma vez, com céu azul quase sem nuvens. Durante o "desayunio", muitas pessoas chegaram ao hostel. Optamos desta vez por El Desplayado, muito plana, com uma extensa faixa de areia batida e águas bem tranquilas, ideal para um mergulho. A água estava menos fria do que a primeira impressão me dizia e, com o calor que fazia, deu para ficar tempo suficiente para matar as saudades de nove meses sem colocar o pé no mar. Almoçamos frutos do mar em um restaurante no alto do rochedo que leva às praias, sentados em cadeiras na calçada em frente, com uma incrível vista. Depois de "tanto" esforço, tirei um merecido cochilo na maca paraguaya (ou rede) do hostel. À noite, o forte vento indicava mudança no tempo e não tardou para as nuvens encobrirem as estrelas e os relâmpagos surgirem. Saímos para comprar matéria-prima para o macarrão básico que seria o nosso jantar e acabamos indo ao rochedo apreciar a tempestade que se aproximava. Um espetáculo de relâmpagos em uma nuvem eletricamente carregada e raios na linha do horizonte nos deixou muitos minutos por ali, até que os primeiros pingos nos mandaram de volta para o hostel, onde ficamos conversando com três austríacos e um casal de suíços que haviam chegado naquele dia.

segunda-feira, 21 de março de 2011

dia # 7

Acordamos mais ou menos cedo, tomamos o café da manhã do hostel e partimos para a rodoviária tomar o ônibus para um dos locais sugeridos pelo casal uruguaio, La Pedrera, localizado no distrito de Rocha, a 230 quilômetros da capital. Quatro horas de viagem pela Ruta 10, também conhecida como Ruta del Sol pela quantidade e qualidade dos balneários ao longo de seu trajeto, e chegamos a um lugarejo simples, cuja única via asfaltada é a rua "principal".
Nos hospedamos em uma unidade da mesma rede de hostel em que ficamos em Montevidéu. Este, contudo, era muito mais bacana, todo de madeira, cercado de mata e com uma grande sala de convivência. Logo saímos para explorar o local e descobrimos o porquê de seu nome. Ao final da rua principal, chegamos a uma grande rocha que avança para o mar e divide as suas duas praias:  direita, Playa del Barco, e à esquerda, El Desplayado. Fomos para a Playa del Barco, assim chamada por conta dos destroços de um barco naufragado que jazem nas suas areias. Como era fim de tarde e não fazia lá um grande calor, preferi deixar para conferir se a água do litoral uruguaio era mesmo fria para o dia seguinte.

domingo, 20 de março de 2011

dia # 6

Mais um dia de céu azul e ainda mais calor, com os termômetros chegando aos 32 graus. Andei com Bárbara pela rambla por quase 15 quilômetros (contados pelos marcos ao longo do caminho). Gosto muito de conhecer as cidades que visito caminhando, pois se pode observar mais de perto o comportamento de seus habitantes. No caso dos uruguaios, é muito interessante o seu gosto pelo mate, tal como os argentinos, paraguaios e gaúchos. Mas o curioso, no caso dos uruguaios, é que eles carregam suas garrafas térmicas abraçadas junto ao peito, segurando a cuia com a mesma mão, deixando a outra livre para todas as demais atividades, como, por exemplo, andar de mãos dadas com seu par, carregar seu filho ou dirigir. Depois de almoçarmos, tiramos uma siesta no gramado em volta da Playa del Buceo, interrompida por uma apresentação da Força Aérea Uruguaia sobre o rio. De volta ao caminho, fomos presenteados no começo da noite com o "nascimento" da Lua sobre o Rio da Prata um dia após o de sua maior proximidade da Terra em cerca de 20 anos. Um espetáculo que fez valer a viagem! Como estávamos perto da casa de minha amiga uruguaia, fomos lhe fazer uma visita, sendo recebidos por ela e seu noivo com o tradicional mate. Eles nos mostraram muitas fotos e nos deram valiosas dicas sobre o litoral uruguaio.

sábado, 19 de março de 2011

dia # 5

Após 12 horas de viagem sem maiores incidentes, cheguei em Montevidéu sob um céu azul sem nuvens e muito calor. O hostel ficava na Ciudad Vieja, próximo ao porto a partir de onde a cidade se desenvolveu. Depois de fazer o check-in e providenciar a lavagem das minhas roupas, entrei em contato com minha amiga uruguaia, que buscou a mim e à nova amiga argentina e nos levou para um passeio por toda a capital do Uruguai. Dos pouco mais de 3 milhões de habitantes que possui o Uruguai, cerca de metade vive em Montevidéu. Ainda assim, é uma cidade limpa, muito arborizada e que impressiona pela beleza de sua orla de aproximadamente 30 quilômetros de extensão, quase toda acompanhada por uma larga avenida (a "rambla") com um calçadão e extensos gramados que levam até as "praias". Sim, é fácil se esquecer de que não se está diante do mar, mas sim do Rio da Prata, cujas águas salobras separam nosso simpático vizinho da Argentina. Ela nos guiou pelos bairros de Pocitos, Punta Carretas, Malvin e Carrasco, todos eles muito bonitos.
Depois, fomos almoçar no mercado do porto com alguns de seus amigos. Ao contrário de muitos outros mercados, este abriga apenas restaurantes os quais servem a famosa parrillada, carro-chefe da culinária uruguaia. Trata-se de uma espécie de churrasco, com muídos e os tradicionais cortes uruguaios (também muito comuns na Argentina) como o vacio, bife de ancho, tapa de cuadril, feito em uma grelha inclinável, utilizando-se apenas brasa e temperado com pouco sal grosso. Simplesmente incrível. Após tal almoço, só poderia mesmo descansar um pouco para, à noite, ir a um show gratuito da banda de rock argentina No Te Vá a Gustar com Bárbara, que tentava de explicar sobre as letras e os artistas hermanos.

Milhares de pessoas lotaram a rambla próximo ao Parque Rodó e cantaram diversas músicas, principalmente o hino uruguaio no apoteótico final do show. Por fim, nos encontramos com minha amiga uruguaia em uma chiviteria para provar mais uma especialidade local, o chivito: sanduíche preparado com uma finíssima fatia de carne, com cebola frita, azeitonas, pimentão, maionese, presunto e queijo, este, derretido no forno. Uma delícia!

sexta-feira, 18 de março de 2011

dia # 4

O dia amanheceu chuvoso, talvez porque fosse o dia de partir! Arrumei a mochila, fiz o check out e parti para a rodoviária para comprar a passagem de ônibus para Montevidéu. Quando pensei nesse mochilão pelo Sul, tinha planejado ir "apenas" até o Chuí, tendo como ponto de partida Porto Alegre. Viajar sozinho traz a liberdade de você fazer e mudar o seu roteiro à vontade, de acordo com as circunstâncias. Como a previsão do tempo para o Chuí não era muito animadora para os próximos dias, e levando em conta que a viagem duraria cerca de 8 horas, acabei decidindo em cima da hora acrescentar 4 horas à viagem e ir para Montevidéu. Aproveitei para entrar em contato com uma uruguaia que conheci no caminho para Macchu Picchu dois anos antes, e que se dispôs a ser minha guia por terras cisplatinas. Passei o dia tratando da hospedagem, conferindo pontos turísticos e estudando sobre a história do Uruguai. Aguardando o ônibus, conheci Bárbara, uma argentina que também estava indo para Montevidéu após algumas semanas viajando pelo Brasil, e que se interessou pelo (preço do) hostel que eu havia reservado e decidiu me acompanhar.

quinta-feira, 17 de março de 2011

dia # 3

Refeito do dia e, principalmente, da noite anterior, fui almoçar em um restaurante indicado por duas coloradas que conheci durante o jogo na noite anterior. Lugar simples, com uma grande churrasqueira em um dos lados do salão, onde costelas de gado e de porco são assadas na brasa por cerca de 10 horas em uma espécie de rolete giratório e são servidas acompanhadas de feijão de corda, maionese e tomate. Sensacional! Com os termômetros marcando 36 graus, rumei ao Estádio Beira-Rio para visitar o Museu do Internacional, extremamente organizado e interessante, com destaque para a arquibancada virtual e objetos ligados à história do clube, como o original do pedido de autorização de gravação do hino, composto por Nelson Silva, com a devida aprovação do departamento de censura do então governo militar. Mais uma longa caminhada e um ônibus depois, voltei para o hostel para encontrar um santista que havia conhecido e com quem havia combinado de assistir ao jogo do Grêmio pela Libertadores em um bar próximo. Afinal, se havia assistido à partida do Inter, tinha de ver como se comportava a torcida tricolor. À noite, muito calor e mais uma visita à Cidade Baixa, desta vez ao Preto Zé, balada onde se apresentou uma banda de samba-rock que colocou todo mundo para dançar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

dia # 2

Devidamente descansado, tomei o café da manhã do hostel e parti para mais uma jornada pela cidade, começando pelo Parque da Redenção (ou Farroupilha), grande área verde na entre a Cidade Baixa e o bairro Bom Fim. O dia de céu azul e muito calor atraiu centenas de pessoas para uma caminhada, corrida ou mesmo para um chimarrão em seu gramado, programa quase obrigatório para os locais.
[parque da redenção]
Próximo ao grande lago fica o mini-zoológico Palmira Gobbi Dias e seus viveiros com macacos, aves e jabutis. De lá, segui de ônibus para o Mercado Municipal, onde almocei na Temakeria Japesca. Toda sorte de temakis por apenas R$ 5,00 cada! Ótimo negócio! Outro ônibus, desta vez para o Museu de Ciência e Tecnologia da PUC/RS. As atrações estão divididas em três pavimentos.
No primeiro, exposições de minerais, animais e vegetais. No segundo, o universo e o planeta Terra. Mas o mais bacana mesmo fica reservado para o terceiro andar, onde estão os dezenas de experimentos que nos fazem lembrar ou aprender sobre conceitos de física e matemática. Tudo na prática e com muito interatividade. Sem qualquer cerimônia, puxei tudo quanto foi alavanca e apertei dezenas de botões por cerca de uma hora e meia. Diversos monitores, todos alunos da PUC/RS, tiram quaisquer dúvidas e ajudam no que for preciso. Destaques para o giroscópio humano, aparelho ao qual você é atado e que simula a ausência de gravidade e ao gerador Van der Graaf, cuja corrente elétrica deixa os visitantes que se aventurarem a tocá-lo de cabelos em pé.
De lá, segui para a boêmia Cidade Baixa (a Vila Madalena portoalegrense) para assistir ao jogo do Internacional na Libertadores em algum bar. Escolhi o Malvadeza por estar mais cheio e vim a saber que era, de fato, um reduto colorado, onde moças e rapazes gritam, xingam e comemoram em pé de igualdade. É impressionante o fanatismo do gaúcho pelo futebol. Camisas coloradas e tricolores desfilam pelas ruas e basta uma rápida conversa para você perceber que isso é levado muito a sério por aqui. Depois do jogo, ainda tive tempo e energia para encarar um samba em um bar próximo chamado Paraphernália. Na parede, muitos quadros e fotos de grandes nomes da MPB, do choro e do samba. Seu dono era muito gente boa e sabia tudo de música brasileira, o que rendeu uma ótima conversa antes de caminhar cerca de meia hora pela madrugada de volta ao hostel.

terça-feira, 15 de março de 2011

dia # 1

Depois da burocracia aeroportuária de praxe e de uma hora e meia de voo tranquila, lá estava eu em Porto Alegre, ponto inicial da viagem abaixo do paralelo 30. A primeira figura que chama a atenção, logo na interligação entre os dois terminais do Aeroporto Salgado Filho, é a Estátua do Laçador, símbolo da cidade e do orgulho gaúcho. Hospedei-me em um hostel próximo ao centro, pequeno, simples, honesto, tocado por um jovem casal bem simpático. Ocupado meu lugar ao abrigo do sol, saí pelas ruas. Primeira parada: Parcão, também conhecido como Moinhos de Vento, com lagos com tartarugas, patos e muitas aves. De lá, uma boa caminhada até o centrão, muito parecido com o de outras grandes cidades, dominado pelo comércio popular. Encontrei meio por acaso o Mercado Municipal, com seus quiosques de toda sorte de embutidos, carnes, peixes e hortifrutigranjeiros, além, é claro, de artigos para chimarrão! Não imaginava que pudesse ter algo mais do que garrafa térmica, bomba, cuia e erva! De lá, deixei-me perder pelo centrão e encontrei o Memorial do Rio Grande do Sul (no belo e antigo prédio que abrigava os Correios e Telégrafos) e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (no tão belo e antigo quanto prédio da antiga Delegacia Fiscal), os quais, com o Santander Cultural, compõem o trio de prédios históricos da Praça da Alfândega.
[usina do gasômetro]
No primeiro, dentre outras coisas, uma série de painéis ilustrados conta a história de personalidades gaúchas e, no segundo, diversas pinturas e esculturas de artistas gaúchos, com espaço para algumas obras de artistas de outras partes do País. Mais algum tempo de caminhada e cheguei à Usina do Gasômetro. Antiga usina de geração de energia, a bela construção situada às margens do Guaíba foi tranformada num bacana centro cultural. A torre de sua chaminé, com 117 metros de altura, é um dos cartões-postais da cidade.  Seu terraço e o gramado no entorno são os melhores pontos para apreciar o pôr-do-sol, programa muito disputado pelos portoalegrenses. De lá partem, ainda, alguns dos barcos que fazem o passeio pela lagoa e suas ilhas mais próximas. O passeio de barco durou cerca de uma hora e proporciona uma belíssima vista da cidade. Noite caindo, hora de voltar ao hostel, baixar as fotos e dormir, pois o dia foi puxado!
[pôr-do-sol no guaíba]






segunda-feira, 14 de março de 2011

abaixo do paralelo 30

Voltei de Londres pouco antes do Carnaval. E não foi por coincidência. Apesar de meu visto de turista estar por vencer - o que me obrigaria a voltar -, queria passar os festejos de momo na terra pátria e curtir um pouco de calor. Passada a festança, comecei a pensar no roteiro da próxima viagem. Não sei bem porquê, tinha vontade de visitar os extremos do Brasil, optando por começar pelo Sul enquanto a temperatura ainda estava boa. Assim, Chuí seria o próximo destino. Para chegar lá, tinha de ir para Porto Alegre e, então, encarar oito horas de ônibus. As únicas coisas que fiz com antecedência foram comprar a passagem aérea para a capital gaúcha e reservar duas noites em um hostel. Todo o resto foi decidido durante a viagem, como, por exemplo, ir para Montevidéu. Como a previsão era de chuva pelos próximos três dias no Chuí, decidi acrescentar mais quatro horas na viagem de ônibus e estendê-la até a capital uruguaia. De lá, segui para La Pedrera e, depois, Cabo Polônio, ambas as localidades ainda em solo estrangeiro, antes de ir para o Chuy uruguaio e o Chuí brasileiro. O relato dessa viagem foi publicado na edição de abril da Revista Terraço, de Porto Feliz, e pode ser relido nos próximos treze posts. Ainda percorri o litoral gaúcho, passando por Mostardas e Torres, e continuei rumo norte até Florianópolis. O relato, "inédito", pode ser conferido nos três posts seguintes àqueles.