Dia de ir para Cordoba, arrumamos nossas coisas, deixamo-nas na recepção do flat - já que nossos voos só partiriam à noite -, e fomos até La Boca, bairro à oeste do centro de Buenos Aires onde se localiza El Caminito e o estádio do Boca Juniors, conhecido como La Bonbonera.

Desta vez, tomamos o ônibus da linha 29, cujo ponto final era El Caminito. Como os ônibus não têm cobradores, você deve levar o valor da passagem (ARS 1,25) em moedas e colocá-las no emissor de bilhete que fica atrás do motorista. Os ônibus são um show à parte: parecem saídos de algum clipe de música sertaneja. Coloridos, alguns deles têm pequenos gárgulas no parachoque. No interior do que pegamos, havia aranhas de brinquedo grudadas nas paredes e no teto, e bruxas penduradas do retrovisor, que davam um ar meio "kitsch" ao
colectivo.

Cerca de 40 minutos depois, chegamos a El Caminito, uma pequena rua ladeada de casinhas coloridas, em cujo entorno se encontram feirinhas, lojas de artesanato e lembranças, restaurantes e shows de tango ao ar livre. Já vou logo dizendo que não gostei do lugar! As pessoas te abordam oferecendo todo tipo de coisa, desde tirar foto em um pose de dançarino de tango (acabei caindo nessa. depois de dizer que não cobrariam por fotos, as dançarinas pediram uma colaboración de R$ 20,00 de cada um! demos, ao todo, R$ 12,00) até miniaturas do Maradona. Tudo soa forçado demais!

Enfim, o que um dia já foi um bairro de imigrantes, principalmente italianos, que pintavam suas casinhas humildes com resto de tintas de barcos para deixá-las menos feias, virou um shopping a céu aberto. Ou vai ver que eu é que sou chato demais...A poucas quadras dali fica o estádio do mais popular time da Argentina, o Boca Juniors. Palco de jogos históricos, o estádio realmente impressiona, principalmente àqueles que gostam de futebol. Por fora, pinturas nos muros retratam a história do bairro e do clube. Por dentro, uma lojinha de artigos do clube, um museu (naquele estilo troféus-camisas antigas-totens audiovisuais) e um restaurante, com uma adega de vinhos, fazem bem o seu papel de introdução ao estádio. Mas o bacana mesmo é o que mais importa em um estádio: o acanhando campo e as imponentes arquibancadas. Há um tour guiado que dura cerca de uma hora e custa ARS 40 e que percorre alguns dos setores das arquibancadas e os vestiários da equipe visitantes.

Os torcedores ficam a não mais que 4 ou 5 metros do gramado e têm acesso direto ao teto dos bancos de reservas. As arquibancadas têm um enorme grau de inclinação, o que aumenta a sensação de se estar em um alçapão. Deve realmente ser muito complicado para o time visitante jogar ali, o que torna ainda mais impressionante a vitória do modesto Paysandu por um a zero pela Libertadores de 2003. O heroi daquela partida, Iarley, foi depois contratado pelo Boca e jogou por pouco mais de uma temporada, tendo sido campeão da Libertadores e do Mundial de clubes. É ídolo dos torcedores, como nos explicou o fanático taxista que nos levou de volta ao flat para pegarmos nossas coisas. À noite, fomos ao aeroporto de onde partem os voos domésticos e pegamos diferentes aviões para Cordoba.

A viagem dura cerca de uma hora de dez minutos e, de cima, pode-se ver que a cidade é plana e grande. O aeroporto fica um pouco distante do centro e há uma tarifa de táxi diferenciada, o que a torna mais cara do que o que acostumamos a pagar. Chegamos ao hostel, Pewman Che, e fomos recepcionados pelo super simpático dono, Mike, filho de uma brasileira com um suíço, e logo nos juntamos ao sensacional
asado que estava sendo feito no quintal, acompanhado da bebida tradicional
cordobesa: fernet com coca-cola. No meio da madrugada, nossos outros dois amigos ituanos, Tomba e Fábio, chegaram, completando o time dos que saíram de Itu.
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