quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Barcelona x Real Madrid

Estive ontem no Camp Nou para acompanhar o jogo de volta da final da Supercopa da Espanha entre Barça e Real Madrid.
Já havia ido a uma partida do Barcelona há alguns anos atrás contra o Villareal pela Liga, mas desta vez foi diferente. Ainda que o título não valesse nada, o que interessava para todos aqui era bater o maior rival. Os jornais espanhois são absolutamente parciais e, não raro, viajam na maionese. Principalmente o Marca, de Madrid. A rivalidade é antiga e remete a um passado político que deixou profundas marcas. Barcelona, como muitas outras cidades, resistiu fortemente ao nacionalismo de Franco. Este, quando assumiu o poder com a vitória na sangrenta Guerra Civil (com a ajuda de Hitler e Mussolini), proibiu oficialmente manifestações culturais que não as castelhanas, o que, obviamente, incluía a língua catalã, o que levou o clube a mudar o começo de seu nome.
Por alguns anos, o presidente do clube chegou a ser indicado pelo governo central espanhol e foi por muitas vezes prejudicado pela arbitragem e por decisões políticas. Hoje, o Barcelona faz jus a seu lema (més que un club), e, mais que um clube, é um símbolo do orgulho catalão. Voltando à partida, a ida ao estádio tranquila. O metrô deixa perto e, ainda assim, não há lotação. A sinalização para chegar é clara e os policiais informam onde fica o seu acesso. Tempo de tomar umas cañas e comer umas aceitunas e curtir o movimento. Muitos turistas vêm só para assistir a um jogo do Barcelona. Ouve-se tudo que é língua, mas, principalmente, o catalão. Na escrita, lembra o francês. Falado, lembra o chiado do sotaque paulista. A entrada é muito fácil. São uns 20 portões de acesso a um amplo espaço em torno do estádio, mais uns 100 outros portões de acesso ao estádio propriamente dito.
Sobe-se alguns lances de escada que levam a corredores, com mais centenas de entradas às arquibancadas. Mas você já é levado aos portões que precisa acessar para chegar ao seu lugar, devidamente marcado e respeitado. O estádio estava cheio, mas não lotado. Havia espaços nas "sociais" e atrás de um dos gols, onde ficam os "barras bravas" locais, que ostentam mais bandeiras da Catalunya do que do próprio Barcelona. Há duas ou três músicas que a torcida entoa, além do hino. Não se compara a vibração da galera neste jogo com o outro que havia assistido. Contra o Real é outra história. Começou o jogo e logo deu para ver uma pegada muito forte do Real Madrid. Marcação adiantada, apertando a saída de bola. O que mais me chamou a atenção em ver um jogo no estádio foi como ambos os times jogam compactos.
Na maior parte do tempo, os dois times ocupam uma faixa não maior do que 35, 40 metros do campo, o que explica muita coisa. Para mim, esse sistema funciona bem entre equipes espanholas e, em alguma medida (e só para o Barça), contra outras equipes europeias. Como jogam em uma linha muito adiantada, sobre sempre cerca de 30 metros de campo entre a zaga e o gol. Assim nasceu o primeiro gol: Messi cortou dois em diagonal e enfiou a bola para o Iniesta, livre, tocar na saída do goleiro. Engraçado é que a pegada é muito menor do que eu esperava. Na verdade, como os times são muito compactos, os jogadores estão muito próximos e sempre conseguem chegar junto. Mas isso não significa que sejam grandes marcadores. Tanto que o Messi deita e rola. Pude ver um jogo do Messi pela Argentina contra a Costa Rica pela Copa América.
Quando o outro time o marca de perto e recua a linha da zaga para perto da área, ele rende muito menos. Voltando ao jogo, o Real achou o empate em uma jogada de escanteio e o Barça fez o segundo num golaço de Messi, que recebeu um baita passe de letra. Um que, ao vivo, não pareceu nada demais, foi o Cristiano Ronaldo. Aberto na esquerda no primeiro tempo, centralizado no segundo, não ganhou uma. Já o Xavi, para mim, é um dos melhores jogadores na atualidade. Joga simples e fácil. Toca e se mexe. Sempre aparece para receber. Aos 30 e tantos do segundo tempo, Kaká entrou no lugar do Ozil e bateu o escanteio para o Pepe (odiado pela torcida do Barcelona) cabecear, o Valdez fazer um milagre o Benzema empurrar para o gol. Achei que ia rolar uma prorrogação, e, quem sabe, pênaltis, mas o Messi meteu outro golaço de voleio, para delírio da galera. No final, o imbecil do Marcelo deu um carrinho por trás em alguém bem em frente aos bancos e começou um empurra-empurra, que rendeu muitos comentários depois da partida por conta da agressão do técnico do Real, José Mourinho, a um integrante da comissão do Barça. Mas isso não impediu muita festa (azul-grená, claro) ao final do jogo. Como o jogo começou tarde, acabou lá pela uma da matina, o que deu um certo trabalho para voltar para onde estou hospedado, mas, claro, valeu a pena pelo jogo movimentado e a pela festa que se seguiu.


3 comentários: